CANTO DOS EXILADOS
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Egon e Frieda
Wolff

Historiadores
Budsin/Posen, 1910 - Rio de Janeiro, 1981 (Egon); Berlim, 1911 - (Frieda)
No Brasil, a partir de 1935

Obrigados a deixar a Alemanha por causa do antisemitismo, Egon e Frieda
Wolff atravessaram a pé a fronteira com a Tchecoslováquia
em fins de 1935. Em Praga, receberam passaportes como refugiados
e desembarcaram no porto de Santos em 12 de fevereiro de 1936. Ambos
egressos da Universidade de Berlim, instalaram-se em São Paulo,
onde trabalharam no comércio como tradutores para inglês,
francês, alemão e português e prosperaram no ramo ótico.
Mais tarde, mudaram-se para o Rio, onde prosseguiram no mesmo ramo
e participaram de atividades comunitárias, com Egon tendo sido
presidente do Hospital Israelita. Segundo seu próprio testemunho,
não participaram de organizações antifascistas,
mas sim da Congregação Israelita Paulista, fundada em
1936 e não mantiveram mais contato com sua antiga pátria.
“Desde a noite dos cristais em 1938 não lemos mais nenhum jornal
ou livro em língua alemã, não pisamos solo alemão
e não aceitamos nenhuma indenização”, escreveu o casal
em carta a Izabela Kestler.
Na década de 1960, “a curiosidade sobre a imigração
de judeus para o Brasil e a falta de respostas satisfatórias” (palavras
de dona Frieda) levaram o casal a deixar as outras atividades e mergulhar na
pesquisa. Incansáveis viajantes, começaram pela Biblioteca Nacional,
continuaram no Arquivo Nacional e percorreram cemitérios, judaicos ou
não, espalhados por todo o país, anotando nomes, datas e genealogias.
Fizeram centenas de entrevistas, compararam milhares de páginas. Foi assim
que descobriram preciosidades como as lápides judaicas de Vassouras, que
passaram a ser monumento histórico do século passado e hoje fazem
parte do circuito turístico da cidade.
São vários os livros de referência de autoria do casal: Judeus
no Brasil Imperial, São Paulo, 1975; Judeus nos primórdios
do Brasil República, Rio de Janeiro, 1981; e Participação
e Contribuição dos Judeus ao Desenvolvimento do Brasil,
Rio de Janeiro, 1985.
Fonte: Izabela Maria Furtado Kestler, Exílio
e Literatura. São Paulo: Edusp, 2003; e Museu Judaico
do Rio de Janeiro.
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