CANTO DOS EXILADOS

Bach, Susanne Eisenberg


Livreira, escritora,
Munique, 29.1. 1909 - Munique, 10.2. 1997
No Brasil, de 1941 a 1983

Em 1944, publicou no Brasil um livro de memórias, A la recherche d’un monde perdu e, em, 1991, a autobiografia Karussell. Von München nach München. Susanne Bach concluiu seu curso de Línguas Romanas em 1932 e, no ano seguinte, foi para a França, onde ficou até 1941. Em 1940, ficou internada no campo de Gurs. Integrou-se ao que “grupo Görgen”, que veio para o Brasil partindo da Suíça e passando pela França, Espanha e Portugal (Görgen e mais 47 exilados obtiveram vistos para o Brasil com o auxílio da Igreja Católica. O grupo era formado por judeus, membros da oposição política e católicos contrários ao nacional-socialismo). Susanne Bach juntou-se ao grupo em Lisboa. Ao chegar no Rio de Janeiro, em 11 de maio de 1941, o grupo enfrentou obstáculos burocráticos para poder permanecer no Brasil. Depois, todos foram para Juiz de Fora, onde Görgen conseguiu documentos de identidade. A maioria voltou depois para o Rio de Janeiro. “Eu tinha apenas 30 dólares no bolso e estava no sexto mês de gravidez. O pai da criança, um francês, ficara na França (...). Eu sempre consegui trabalho, pois havia estudado línguas românicas, inclusive o espanhol. Assim, foi fácil aprender português. Trabalhei em firmas como secretária”, contou em entrevista à pesquisadora e germanista Izabela Kestler. Aproveitando sua experiência como livreira, Susanne Bach fundou depois da guerra a primeira livraria internacional do Rio de Janeiro. Susanne Bach foi também a primeira pesquisadora a coletar os livros produzidos no exílio. O acervo coletado por ela encontra-se na Deutsche Bibliothek de Frankfurt am Main. Publicou também alguns artigos em coletâneas e revistas sobre os escritores exilados no Brasil. Em 1983, retornou para Munique, onde faleceu em 1997. Em sua autobiografia Karussell. Von München nach München, publicada em 1991, fala de suas experiências no exílio e de sua longa permanência no Brasil.

Fonte: Izabela Maria Furtado Kestler, Exílio e Literatura, São Paulo: Edusp, 2003.